Com o propósito de ir mais a fundo nas questões psicológicas, que ao meu ver é o que realmente faz a diferença, criei este outro blog: Evolução da Consciência
OBS: Não será postado nada novo neste blog, apenas no novo.
Não postarei mais nesse blog e nem no outro, agora estarei postando apenas no novo site: www.DespertarColetivo.com
Essa é a segunda vez que mudo de site, mas pretendo que dessa vez a mudança seja definitiva.
Nenhum dos dois blogs serão excluídos, os links continuarão funcionando enquanto a plataforma blogspot existir, e aos poucos eu vou passando as postagens antigas para o novo site, junto com conteúdos novos.
O Liberte-se do Sistema não deixará de existir, mas pretendo mudar o foco das postagens para psicologia, filosofia, teologia e espiritualidade em um sentido amplo(como o modo de nos colocarmos no mundo e o modo que nos sentimos em relação a existência e a nós mesmos). Em outras palavras, mais sobre o sistema mental, menos sobre o sistema politico/econômico. Embora eu ainda vá falar sobre isso as vezes, quando for conveniente.
"Liberte-se do sistema" é um termo que agrega muitas conotações que eu considero pejorativas, em comparação com o que eu pretendia em relação a isso. Tentei mudar o nome da página do Facebook para "Liberte-se do sistema mental", mas não pude pois já haviam muitas pessoas na página. É ruim para mim ter que ficar explicando toda hora o que eu quis dizer com isso, que eu não sou esquerdista, comunista, anarquista, anti-petista, e qualquer "ismo" que tiver por ai. Por esse motivo, adotarei essa postura mais direta sobre qual a intenção do meu trabalho: Perceber quem somos e produzir reflexões sobre como nos colocamos e como podemos nos colocar em nossa relação com o mundo e os outros. E na "Liberte-se" acabo por, sem querer, dar a entender que o problema está fora de nós, e de certa maneira está, mas sinto que estou mais apto para abordar as questões de dentro.
"Você não muda as coisas lutando contra a realidade atual. Para mudar algo é preciso construir um modelo novo que tornará o modelo atual obsoleto."
- Buckminster Fuller
Consenso
A tomada de decisões baseada no consenso já é praticada pelo mundo todo, desde comunidades indígenas na América Latina e grupos de ação direta na Europa a cooperativas de agricultores orgânicos na Austrália. Em contraste é democracia representativa, os participantes fazem parte do processo de tomada de decisões de forma contínua e exercem verdadeiro controle sobre sua vida diária. Ao contrário da democracia governada pela maioria, o consenso valoriza igualmente as necessidades e preocupações de cada indivíduo; se uma pessoa está infeliz com uma resolução, é da responsabilidade de todos encontrar uma nova solução que seja aceitável por todos. A tomada de decisões baseada no consenso não exige que uma pessoa aceite o poder de outros sobre ela, entretanto exige que todo mundo considere as necessidades de todos; o que ela perde em eficiência compensa dez vezes em liberdade e transparência. Ao invés de pedir que as pessoas aceitem líderes ou encontrem uma causa comum se homogeneizando, o processo consensual integra todos em um todo funcional enquanto permite que cada um mantenha a sua autonomia.
Autonomia
Para ser livre, você deve ter controle sobre as suas adjacências imediatas e sobre as coisas básicas da sua vida. Ninguém está mais qualificado que você para decidir como você deve viver; ninguém pode ser capaz de votar no que você deve fazer com o seu tempo e potencial a menos que você os convide. Alegar estes privilégios para si e respeitá-los nos outros é cultivar a autonomia.
A autonomia não deve ser confundida com a, assim chamada, independência: na verdade, ninguém é independente, uma vez que nossas vidas dependem umas das outras.* A glamourização da auto-suficiência numa sociedade competitiva é um modo enganoso de acusar aqueles que se recusam a explorar os outros de serem responsáveis pela sua própria pobreza; e como tal, é um dos obstáculos mais significativos para se construir uma comunidade.** Em contraste a essa miragem Ocidental, a autonomia oferece uma livre interdependência entre pessoas que compartilham consenso.
Autonomia é a antítese da burocracia. Não há nada mais eficiente que pessoas agindo por suas próprias iniciativas como acharem necessário, e nada é mais ineficiente que tentar ditar as ações de todo mundo ― isto é, a menos que seu objetivo fundamental seja controlar outras pessoas. A coordenação de cima para baixo só é necessária quando as pessoas devem ser forçadas a fazer algo que elas nunca fariam de seu próprio acordo; da mesma forma, uniformidade obrigatória, por mais horizontal que seja sua imposição, só pode fortalecer um grupo ao enfraquecer os indivíduos que o compõem. O consenso pode ser tão repressivo quanto a democracia a menos que os participantes retenham sua autonomia.
Indivíduos autônomos podem cooperar sem compartilhar um plano idêntico, enquanto todos se beneficiarem da participação dos outros. Logo, grupos que cooperam podem evitar conflitos e contradições, assim como o fazemos individualmente, e ainda fortalecer os participantes.
Finalmente, autonomia requer auto-defesa. Grupos autônomos têm interesse em se defender da invasão daqueles que não reconhecem o seu direito à auto-determinação, e em expandir o território da autonomia e do consenso ao fazerem tudo em seu poder para destruir estruturas coercivas.
Federações Sem Cabeça
Grupos autônomos independentes podem trabalhar juntos em federações sem que qualquer um deles detenha a autoridade. Tal estrutura soa utópica, mas na verdade pode ser muito prática e eficiente. O correio e as viagens de trem internacionais funcionam neste sistema, para citar dois exemplos: enquanto os sistemas individuais de transporte e correio são internamente hierárquicos, eles todos cooperam juntos para transportar correspondências ou passageiros de um país a outro sem que uma autoridade máxima seja necessária em qualquer estágio do processo. De forma similar, indivíduos que não podem concordar suficientemente para trabalharem juntos dentro de um coletivo ainda podem coexistir em grupos separados. Para que isto funcione a longo prazo, é claro, é preciso alimentar, gota a gota, os valores de cooperação, consideração e tolerância nas gerações futuras ― mas isso é exatamente o que estamos propondo, e dificilmente conseguiremos executar esta tarefa pior do que os partisãos do capitalismo e da hierarquia têm feito.
Ação Direta
A autonomia precisa de que você aja por si mesmo: que ao invés de esperar que solicitações passem por canais estabelecidos somente para acabarem em burocracia e negociações sem fim, você estabelece seus próprios canais. Se você quer que os famintos tenham comida para comer, não apenas dê dinheiro a uma organização de caridade burocrática ― descubra onde há comida sendo desperdiçada, recolha-a e a compartilhe. Se você quer habitações acessíveis, não tente que a câmara municipal aprove uma lei ― isso levará anos, enquanto pessoas dormem nas ruas toda noite; ocupe prédios abandonados, abra-os para o público, e organize grupos para defendê-los quando os capangas dos senhorios ausentes aparecerem. Se você quer que as corporações tenham menos poder, não peça aos políticos que eles compraram para impor limites em seus próprios mestres ― tome este poder para si próprio. Não compre seus produtos, não trabalhe para eles, deboche e desvalorize seus anúncios publicitários publicamente, e preste atenção no que você financia. Eles também usam táticas similares para exercer o seu poder sobre você ― e só parece válido porque eles compraram as leis e valores da nossa sociedade muito antes de você nascer.
Não espere por permissão ou liderança de alguma autoridade de fora, não implore para que algum poder superior organize sua vida para você. Tome a iniciativa!
Como Resolver Discordâncias Sem Chamar as Autoridades
Num arranjo social que realmente é do melhor interesse de todos indivíduos participantes, a ameaça de exclusão deve ser suficiente para desencorajar os comportamentos mais destrutivos ou desrespeitosos. Mesmo quando é impossível evitar, exclusão é certamente mais humanitária que prisões e execuções, que corrompem a polícia e os juízes tanto quanto amargam os criminosos. Aqueles que se recusarem a respeitar as necessidades dos outros, que não se integrarem em nenhuma comunidade, podem se ver banidos da vida social ― mas iso ainda é melhor que exílio na ala dos loucos ou no corredor da morte, duas das possibilidades que esperam tais pessoas hoje. Violência só deve ser usada pelas comunidades em legítima defesa, não com o sentimento convencido da autorização com o qual ela é aplicada no nosso atual sistema de injustiça. Infelizmente, num mundo governado pela força, grupos autônomos baseados em consenso vão provavelmente entrar em conflito com aqueles que não agem por valores de cooperação e tolerância; eles devem portanto ser cuidadosos para não perderem também os seus valores ao tentar defendê-los.
Discordâncias sérias dentro de comunidades podem ser solucionadas em muitos casos reorganizando ou subdividindo os grupos. Freqüentemente indivíduos que não se dão bem em determinada configuração social obtém mais sucesso cooperando em outro arranjo ou como membros de comunidades paralelas. Se o consenso não pode ser alcançado dentro de um grupo, este grupo pode se dividir em grupos menores que possam alcançá-lo internamente ― isso pode ser inconveniente e frustrante, mas é melhor do que as decisões do grupo serem impostas à força por aqueles que têm mais poder. Tanto com os indivíduos e a sociedade, como para diferentes coletivos: se os benefícios de trabalhar junto superam as frustrações, deve ser incentivo suficiente para que as pessoas acertem suas diferenças. Mesmo comunidades drasticamente diferentes ainda têm em seu interesse coexistir pacificamente, e devem de alguma forma negociar para alcançar isto…
Vivendo Sem Permissão
… esta é a parte mais difícil, é claro. Mas não estamos falando de só mais um sistema social, estamos falando de uma transformação total das relações humanas ― pois será necessário nada menos do que isso para solucionar os problemas atuais da nossa espécie. Não vamos nos enganar ― até que possamos
alcançar isto, a violência e a luta inerente nas relações baseadas em conflitos vão continuar a se intensificar, e nenhuma lei ou sistema será capaz de nos proteger. Em estruturas baseadas no consenso, não existem soluções falsas, nenhuma forma de reprimir conflitos sem resolvê-los; aqueles que participam neles devem aprender a coexistir sem coerção e submissão.
As primeiras preciosas sementes deste novo mundo podem ser encontradas nas suas amizades e casos amorosos sempre que eles forem livres de dinâmicas de poder, sempre que a cooperação acontecer naturalmente. Imagine esses momentos expandidos de forma a abranger toda nossa sociedade ― essa é a vida que nos espera além da democracia.
Pode parecer que estamos separados deste mundo por um abismo insuperável, mas o bom do consenso e da autonomia ẽ que você não tem que esperar pelo governo para votar neles ― você pode praticá-los agora mesmo com as pessoas ao seu redor. Coloque-o em prática, as virtudes deste modo de vida são claras. Forme seu próprio grupo autônomo, não respondendo a nenhum poder mas o seu próprio, e busquem a sua liberdade por si mesmos, se seus representantes não o fazem ― uma vez que eles não podem fazê-lo por você.